sábado, 8 de dezembro de 2012

O telefonema


Alô! Senti sua falta, mesmo sem saber ao certo quem é você. No começo era André e, posteriormente, me revela seu verdadeiro nome: Pedro, igual ao menino que será gerado pelo meu ventre.
Pedro e André, ambos pescadores. Coincidência, mas não importa. De qualquer forma lançou a rede e me pegou.
Eu poderia usar somente a força do pensamento pra trazer você de volta. Não sei esperar. A espera me martiriza, castiga, principalmente se eu posso fazer algo, mesmo que soe com certa estranheza.
Minha presença teve de ser feita a partir de um incômodo, suponho. Não tive outra escolha. Somente desta forma você saberia que sua ausência era uma realidade.
Foi necessário ter coragem. Afinal, não era qualquer telefone e nem era para qualquer lugar.
Depois de ensaiar minha fala repetidas vezes, liguei.
Eu havia te procurado. Era tudo o que você precisava saber. Apenas deixei recado.
Tentei um novo contato. Quem sabe você não ficou sabendo da minha procura?
Desta vez foi pior. Ficar em pé já não era possível. O fato de pensar que eu ouviria sua voz sem saber como você reagiria, tornou meu coração um motor. Era apenas uma ligação, mas foi o suficiente para me revirar por dentro. Gosto de sentir o coração acelerado porque me faz relembrar de que estou viva. Cada batida era sinal de vida.

O  medo de não ser bem recebida era uma possibilidade. Arrisquei-me. Última chance. Quem me ouviu mal poderia imaginar que manter firmeza na voz fosse truque e por pouco eu não conseguia falar alô.
Pedi pra falar contigo. Recebi seu recado, dizendo que após o término da reunião você retornaria. Tudo retornou: minha agonia, a espera, menos sua ligação.
Foi o telefonema mais intenso da minha vida, juro.
Não sei o que passou em sua mente com a minha presença. Gosto do concreto, por isso não sei lidar com silêncios.

Espero que você sendo um bom advogado esteja a favor da minha causa e não me deixe ser condenada à uma espera que não se findará. Apareça! Assim como  diz o refrão da música de uma banda que me fez somar pontos com você: Like a stone, do Audioslave: "Vou esperar por você lá, como uma pedra. Vou esperar por você lá, sozinho."  Beijos.


.

2 comentários:

  1. Sem dúvida esse é uma descrição emocionante de uma espera. Como um eterno inseguro (falando de mim), sei bem como é isso. Um abraço.

    ResponderExcluir