sábado, 29 de junho de 2013

O medo que ainda me persegue


Todo mundo já teve ou ainda mantém dentro de si algum medo. Eu tenho vários. Alguns perderam a força ao longo do tempo, como por exemplo o medo de lagartixa, que começou quando uma dessas malditas caiu em cima da minha cama. Também não suporto rato, sapo e cobra. Além do nojo, esses três são capazes de tirar o meu sossego. Não gosto nem de vê-los mortos.
Há amigos meus que possuem uns medos que valem a pena ser citados: de galinha, de bonecas, de trovões e relâmpagos; medo de barata, panela de pressão, escuro e tantas outras coisas. São tantos temores que chego a me sentir a maior das corajosas diante de alguns deles.

A maioria das crianças desenvolvem certos medos que, na fase adulta, tornam-se motivos de boas risadas ao serem relembrados. O meu, embora eu comente com um certo humor, ainda me persegue até os dias de hoje. E tudo começou com alguma reportagem da televisão, quando eu tinha seis anos de idade. Não sei se foi impressão minha, mas bastou eu me dar conta da possível existência do assunto que ele se tornou um dos mais falados na época. Então, toda semana era uma reportagem especial em algum programa jornalístico, o que me deixava ainda mais impressionada. Prova disso é a vinheta do Globo Repórter e do Fantástico me remeterem ao tempo em que eu não conseguia nem ouvi-las de tanto medo. Eu levantava correndo pra mudar de canal. O azar era tão grande que nem televisão com controle remoto eu tinha. Daí o coração acelerava por duas razões: pelo desespero que a reportagem me dava e pela correria.

Atualmente, continuo sem conseguir assistir uma reportagem sequer, ou ler algum artigo científico e principalmente discussões sobre o assunto. Um céu estrelado, para mim, nem sempre é motivo de beleza, pois ele pode conter uma surpresa bem desagradável de acordo com a minha imaginação que, nesse sentido, não mudou nada da infância até aqui. Os aviões que passam à noite ajudam a reforçar essa fantasia; suas luzes piscando, o próprio ruido em si quando ele está se aproximando...
Ainda não conheci alguém tenha o mesmo pavor que eu. Ou, talvez, ninguém queira assumir. O fato é que  o medo que ainda me persegue é o medo de ET.

A lembrança que tenho da fase mais cruel desse medo é que em 1996, em Minas Gerais (para o meu desespero) surge o caso do ET de Varginha. Sendo assim, a possibilidade de eu encontrar com algum era grande. As reportagens ficaram constantes e o meu medo aumentando proporcionalmente a elas. Com isso, as pequenas coisas da minha vida começaram a ser afetadas: eu já não ia mais sozinha do quarto até o banheiro. "Mãe, vai comigo. O ET vai me pegar"; dormir com a luz acesa e se cobrir por inteira com a coberta, como se debaixo dela fosse o lugar mais seguro do mundo;  quando eu acordava no meio da noite, corria para os pés da minha mãe na cama.

Por causa desse medo eu demorei um pouco mais para abrir a cabeça de que eu deveria estudar o sistema solar, temendo sempre que o termo extraterrestre viesse à tona. Continuo não gostando dessa palavra, mudando de canal ou fechando a página da internet quando ela é citada. Revistas de ufologia? Não quero nem saber das novidades! Já me basta a afirmação "o universo é grande demais para haver vida somente na Terra."

Para escrever esta postagem, fiz uma busca com a palavra-chave ET de Varginha. Não foi uma leitura tranquila, confesso. Se fosse para mim a aparição, não sei se eu teria sobrevivido para contar o caso, tamanho o susto. A descrição da Wikipédia:

"Conforme os programas de televisão e as home pages que apareceram depois do Incidente de Varginha, a criatura extraterrestre possui as seguintes características:
Cabeça grande e careca;
Olhos grandes, vermelhos e sem pupila;
Língua preta, estreita e comprida;
Três pequenas saliências na cabeça parecidas com chifres, um no meio e dois ao lado;
Pele marrom ou castanho e escura, coberta por uma oleosidade brilhante;
Veias salientes e vermelhas no rosto, ombro e braços;
Três dedos nas mãos e pés grandes com dois dedos e sem unhas;
Aproximadamente 1,60 m de altura e produzia um som parecido com zumbido de abelha.Essas características correspondem àquelas do "Gray", um tipo famoso do extraterrestre comentado pelos ufólogos americanos." (http://pt.wikipedia.org/wiki/Incidente_de_Varginha Acesso em 28/06/2013).

Nada do que se refere a ETs foi visto com bons olhos por mim, salvo o marciano Marvin, personagem da Looney Tunes, mas por um detalhe que eu só fui me dar conta anos depois. No episódio Haredevil Bugs, do Pernalonga, ele quer destruir a Terra, dizendo que esta atrapalha sua visão para Vênus. Como só prestei atenção no nome do planeta, achei que ele era de Vênus. Outro detalhe é que Marvin não possui traços comuns de um alienígena: ele possui um rosto negro do qual só se podem ver os olhos grandes, uma roupa de soldado romano (referência a Marte também ser o deus da guerra romano) e um par de tênis de basquete. 


Há alguns anos, enquanto eu descia a rua da minha casa, vi um avião e, perto dele, uma luz muito forte, parada. Um vizinho também estava observando, quando de repente a luz se moveu rapidamente à direita da aeronave que se aproximava e desapareceu. A luz era muito maior do que aquelas do avião e que ficam piscando. O homem então começa a me contar uma história de um parente dele que viu um disco voador uma vez, etc, como se eu fosse corajosa o bastante para ouvir esses casos. Desci a rua correndo e entrei pra casa antes que o suposto OVNI pudesse chegar mais perto.

O medo que ainda me persegue pode fazer com que uma frase simples do Chaves "Já chegou o disco voador" possa surtir um efeito destruidor se forem ditas para medrosos assumidos como eu.
Eu não sei se isso vai passar. Talvez não. Se for verdade que acontecem visitas de ETs aqui na Terra, eu só espero que eu não seja testemunha disso. Há relatos de gente que foi abduzida. Por ora, só posso dizer que quem me abduziu foi esse medo besta!

                           

"Oh seu moço do disco voador,  me leve com você pra onde você for.
Oh seu moço, mas não me deixe aqui enquanto eu sei que tem tanta estrela por ai." Deus me livre, Raul Seixas! Deus me livre mesmo.





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