segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Confusão

Deixa, deixa, deixa eu dizer o que penso desta vida, preciso demais desabafar!♪

Confusão. Essa é a descrição mais próxima do que está passando pela minha cabeça desde que decidi escrever aqui novamente. São pensamentos desordenados, reflexões sensatas, desejo, repulsa, amor, desamor. Tudo se contrapõe na mesma proporção. Frases soltas querem ser assuntos isolados, mas usarei a beleza de cada uma delas na construção do todo. Ainda não sei qual será a resultante dessa fusão. Se eu conseguir me desafogar com as palavras, já estarei satisfeita.

Confusão. Hoje, 26 de janeiro de 2014, faz exatos 10 anos que eu comecei a escrever um diário - em uma agenda que ganhei de presente - para registrar os caminhos do meu coração naquela época. Comecei dizendo que aquelas folhas seriam insuficientes para eu contar os meus segredos. Eu tinha esperança de que quando eu ficasse mais velha os relatos serviriam para eu rir daquela fase. Dez anos se passaram e concluo que verdadeiramente muita coisa mudou, mas continuo com os afetos e a sensibilidade de uma menina de 15 anos, mas com 10 anos de experiência. Síndrome de Peter Pan? Não. É apenas o meu coração que se nega a se corromper, embora nem sempre seja assim. Tenho o hábito de escrever tudo o que arde em meu coração. Escrever é catarse e está proibido calar catarses.

Confusão. Eu gostaria de registrar o turbilhão de pensamentos que me ocorre quando estou dentro do ônibus. Com a cabeça encostada na janela, a paisagem ficando para trás, eu faço um filme com o que acontece de trágico e cômico em  minha vida. As baladas que tocam no meu fone de ouvido parecem fazer parte do roteiro. O solo de guitarra entra em sincronia com o vento que balança o meu cabelo. Esse filme eu ensaio, dirijo, enceno e assisto. Rio e choro com as minhas histórias. Sou a mocinha, a heroína, a vilã, a negra de vozeirão dos musicais. Eu sou a outra. Sou convidada e intrusa. Sou Cinderela que ultrapassa a meia- noite e duelo, indiretamente, com a Bela Adormecida, essa princesa que não sabe que seu príncipe se aproveita do seu sono. 

Confusão. Minhas vontades não se entendem. Há em mim um desejo de convencer alguém a ficar e também de mandar um outro ir embora, aquele que, na verdade, já se foi e nunca deveria ter voltado. Mas meu coração, condomínio sem guarita, permitiu alguns acessos desse ladrão de subjetividade e dignidade; ladrão de tempo, sonhos e moeda também. Ladrão que se sente no direito de estipular valores, de investir muito no superficial e poupar no profundo. Ladrão que ostenta proporcionalmente ao tamanho de seu vazio.

Confusão. Estou no dia da semana em que sempre há o começo do ciclo da partida e chegada e das partidas de uma nova temporada dos guerreiros celestes. Somos nós, de novo, na mesma sintonia. É o meu coração que se acelera, e dessa vez se acelerou no fim da tarde, adiantando a minha alegria dominical e a saudade semanal num encontro secreto, breve e sem despedida.

Confusão. Não tenho mais o que dizer. Já me sinto satisfeita por conseguir fazer dessa desordem minha plenitude. Esse escrito foi só uma fuga. Eu disse tudo, sem dizer nada com nada.

Um comentário:

  1. Isso se da pelo nosso inevitavel amadurecimento minha amiga, nada que alguns anos nao resolvam!
    Nao pare de registrar seus "turbilhoes" aqui se isso faz com que sua alma se abra a um novo formato... todos nós seus leitores, aguardamos por suas linhas ;)
    Um grande beijo!

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