domingo, 9 de junho de 2013

O fim do sequestro


Um dia senti sua falta, fiz um telefonema.  Pensei em nosso casamento (num futuro distante), percebi que não estávamos na mesma sintonia e precisei partir. Por meses, quase um tempo de uma gestação, o meu bom e desarmado coração se prendeu. Foi refém. Mas chegou o fim do sequestro. O preço do resgate poderia ter sido bem maior e custado outras vidas. Teríamos vítimas fatais. Cansada desse cativeiro, pedi socorro quando sua presença se deu por apenas um minuto. O relógio marcava 23:48h em um domingo que deveria ser nosso. Você apareceu e sumiu bruscamente, então vi a chance de fuga. Implorei a Deus que você reaparecesse e acabássemos com aquela prisão. Você não voltou. O Altíssimo ouviu de mim as piores acusações enquanto ele, silenciosamente, se encarregava de responder minha prece desesperada em seu devido tempo, e eu pensando que ela levaria pelo menos uma semana para ser respondida. Imagino o sorriso dEle durante o período que me observava revoltada, como se quisesse dizer "eu estou no controle de todas coisas". Recolhi a minha indignação e permiti que o sono viesse. Lá de cima Ele cuidava de mim.

No dia seguinte, uma tranquilidade que não consigo explicar foi semeada em meu coração no inicio da noite. Você apareceria, eu pensava assim. Exatamente 24 horas depois da minha oração, a resposta. Eu podia ouvir claramente o Criador dizendo como sair do cativeiro, me dando todas as coordenadas. Foi um caminho longo, mas muito lógico. Tanto que você duvidaria da forma como o encontrei e até me chamaria de louca consumido por uma fúria que eu não gostaria de presenciar. Quando você construiu o cativeiro não pensou que pudesse ter outras saídas, mas somente as que você criou.

Nesse caminho eu pude ver suas verdades, as poucas que acredito que você tenha falado. Foi através delas que  a maior de todas as verdades e a maior das suas mentiras foram reveladas. Em cada uma, eu desejava estar enganada, quase não querendo acreditar no que via. Eu pensei ter visto o seu passado, mas  era seu presente. Ainda duvidando de tudo, a citação do seu nome esclareceu tudo o que você escondeu. Já não havia mais razões para incertezas. Enquanto eu tremia dos pés à cabeça fui invadida por um alívio indescritível por nunca ter ido além, em vez de uma raiva que poderia ser fatal (caso eu pensasse em agir por ela). Renato Russo já disse por mim outra vez: 

"Não penso em me vingar. Não sou assim. (...) Não basta o compromisso, vale mais o coração. E já que não me entendes, não me julgues, não me tentes. O que sabes fazer agora, veio tudo de nossas horas. Eu não minto. Eu não sou assim." (1°de julho)

Se a raiva tivesse habitado em mim em algum instante, o meu desejo seria de te arrastar por quilômetros, te puxando pelos cabelos que outrora eu quis afagar até que o seu sono viesse ou enquanto eu o velasse. 
Você não me deve nada, portanto não há razões para que eu faça alardes. O que de fato importa agora é que acabou o sequestro. O meu coração ainda está se acostumando com a liberdade, se restabelecendo, esquecendo-se de sua condição de cativo. Agora ele já sabe que não deve mais procurar diamantes onde só há cascalhos. Você se lembra onde eu te encontrei, não é? 

Me lembro que outro dia, enquanto eu assistia um filme* desses que você ia gostar, vi  a cena de um homem dançando com sua amada à meia luz. Me projetei na cena e nos vi dançando também, ao som do refrão "o mundo acaba hoje e eu estarei dançando. O mundo acaba hoje e eu estarei dançando com você." (Agridoce, Dançando). O mundo não acaba hoje, aliás, recomeça. O fim do sequestro veio numa dança sua e você jurando amor eterno. E agora sei que o anel que eu quis pra mim já está em outra mão.

* Filme A garota ideal





4 comentários:

  1. Simplesmente lindo!!! Você promete! Continue a nos entreter e maravilhar com suas palavras, e quem sabe conseguirei me libertar do "sequestro" também!!! Beijos!

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  2. O comentário acima foi da Jéssica, tá Clarisse?
    Beijos

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    1. Querida Jéssica, fico muito satisfeita por sua visita e leitura no meu diário. Estou na torcida para que você consiga sair do seu "cativeiro". Desejo-lhe sorte. Vai dar certo! Beijos!

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